Corinthians: Vítor Pereira terá que usar muito o elenco e alternar esquemas e escalações durante 2022! E deveria usar o time reserva contra o São Paulo! E os estaduais deveriam ser disputados apenas pelos clubes pequenos!
Corinthians: Vítor Pereira terá que usar muito o elenco e alternar esquemas e escalações durante 2022! E deveria usar o time reserva contra o São Paulo! E os estaduais deveriam ser disputados apenas pelos clubes pequenos! - Marcos Doniseti!
O
excelente treinador português Vítor Pereira assumiu o comando do
Corinthians há poucas semanas e já percebeu o quanto o futebol
brasileiro é mal organizado e possui um calendário inteiramente estúpido
e irracional, que é elaborado por quem não possui qualquer preocupação
com a qualidade do futebol que é praticado no país e tampouco com a
saúde física e mental dos jogadores.
O Corinthians, o São Paulo e o Red Bull Bragantino, por exemplo, já irão disputar, neste final de semana, a 14a. partida da temporada. O Palmeiras, que também disputou o Mundial, já estará disputando a 16a. partida da temporada.
E ainda estamos no mês de Março... Isso é completamente estúpido e irracional!
Neste calendário estúpido e insano que os clubes brasileiros são obrigados a seguir (e com o qual os dirigentes deles são coniventes), em todos os anos, com partidas sendo disputadas a cada três dias, torna-se muito mais difícil assistirmos a partidas de qualidade.
Afinal, os jogadores mal se recuperam do grande desgaste, físico e mental, de uma partida anterior e já tem que disputar uma nova partida. Eles mal possuem tempo para treinar. E é justamente nos treinos que os treinadores teriam tempo para corrigir os erros do time.
Mas com esse calendário insano isso torna-se impossível. O jogador Renato Augusto, um dos melhores em atividade no futebol brasileiro, declarou, logo após a partida contra o Guarani, que Vítor Pereira procura corrigir os problemas do time por meio de vídeos e de conversas com os jogadores, sendo que estes também conversam entre si com este objetivo.
Isso é absolutamente patético e ridículo, sendo uma realidade que caracteriza um futebol que é administrado de maneira patética, medíocre e amadora.
Esse calendário insano tem tudo a ver com o fato de que o Brasil é o único país do mundo no qual temos a disputa dos campeonatos estaduais, que já foram importantes em um passado remoto, mas que agora não são mais, pois perderam importância para os principais campeonatos nacionais e internacionais.
Estes absurdos campeonatos estaduais não existem em qualquer outro país onde temos um futebol forte e competitivo, como são os casos da Alemanha, Itália, França, Inglaterra, Espanha e Portugal, por exemplo.
São os campeonatos estaduais que fazem com que o calendário do futebol brasileiro se torne totalmente irracional e fique tão apertado para aqueles grandes clubes que estão sempre disputado os campeonatos nacionais (Série A ou B do Brasileiro e Copa do Brasil), bem como os internacionais (Libertadores, Sul-Americana, Recopa, Mundial).
Em muitos casos, os clubes que chegam às fases decisivas dos principais campeonatos podem acabar disputando mais entre 75 e 80 partidas durante uma única temporada, algo impensável nos principais campeonatos de futebol europeus, por exemplo.
O Chelsea, que conquistou a Champions League na temporada 2020-2021, por exemplo, disputou apenas 60 partidas nesta temporada, sendo 38 pela Premier League, 13 pela UEFA Champions League, 6 pela Copa da Inglaterra, 2 pela Copa da Liga Inglesa e 1 pela Supercopa da UEFA.
E nesta temporada de 2020-2021 o Chelsea disputou 5 competições e conquistou 2 títulos: Champions League e Supercopa da UEFA.
O Chelsea acabou perdendo os outros 3 campeonatos, sendo o Vice Campeão da Copa da Inglaterra (perdeu para o Leicester na final por 1X0) e ficou em 4o. lugar na Premier League. Já na Copa da Liga Inglesa o Chelsea foi eliminado nas oitavas de final pelo Tottenham.
Assim, mesmo um grande clube como o Chelsea, que chegou a 3 finais (vencendo as 2 competições europeias), disputou apenas 60 partidas durante toda a temporada de 2020-2021.
Além disso, o Chelsea e os clubes europeus possuem uma grande vantagem sobre os clubes brasileiros, que é a existência de uma pré-temporada que dura, pelo menos, 45 dias, durante a qual os treinadores dispõem do tempo necessário para fazer os jogadores adquirirem uma boa forma física e entrosarem o time.
Por isso, devido a esse calendário estúpido do futebol brasileiro, torna-se fundamental que grandes clubes, como é o caso do Corinthians, possuam um elenco numeroso, trabalhando com até 40 jogadores, o que não acontece na Europa.
Mas, quando se utiliza tantos jogadores assim, isso acaba dificultando o entrosamento do time, pois a formação titular muda com muita frequência. Somando isso com a inexistência de uma pré-temporada de verdade e com o absurdo excesso de partidas, o que temos é a realização de campeonatos com baixo nível técnico, que afastam o público e não despertam o interesse de grandes investidores.
No futebol brasileiro, claramente, a quantidade de partidas predomina com folga sobre as partidas de qualidade. E tudo isso acontece em função do estúpido e irracional calendário.
Uma das soluções para resolver essa situação seria livrar os grandes clubes da obrigação de disputar os campeonatos estaduais, que são pouco atrativos e deficitários para quase todos os clubes que os disputam.
Os campeonatos estaduais deveriam ser disputados apenas pelos clubes de pequeno porte, sendo que as partidas seriam disputadas durante toda a temporada, o que manteria os pequenos clubes em atividade durante o ano inteiro.
E como estímulo para os clubes pequenos os campeões dos estaduais teriam uma premiação em dinheiro de bom valor e vagas garantidas nas divisões inferiores do Brasileiro (C e D) e nas fases iniciais da Copa do Brasil. E caso já estejam classificados para os mesmos, então eles receberiam uma premiação adicional em dinheiro pelo título do estadual.
Essas mudanças melhorariam, simultaneamente, a qualidade do futebol praticado pelos grandes clubes e, também, iriam fortalecer os clubes pequenos.
Para fazer isso é preciso, no entanto, uma mobilização que deveria ser promovida pelos próprios dirigentes dos clubes. A iniciativa teria que partir deles.
Quem sabe, agora que muitos clubes estão se tornando SAFs e estão sendo adquiridos por grandes investidores internacionais (como é o caso do John Textor, que está investindo forte no Botafogo), talvez estas mudanças se tornem possíveis.
O futebol brasileiro somente teriam a ganhar com essas mudanças.
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